Pular para o conteúdo principal

SOL: A questão dos Impostos

Em artigo publicado em 1929 para o jornal “A Província”, Silvino Olavo discorre sobre a questão dos impostos paraibanos, cuja polêmica era defendida pela “A União” frente a outros noticiários de oposião.
A matéria, que foi republicada na Paraíba pelo órgão oficial do governo, ocupava duas páginas da edição do dia 06 de junho daquele ano. E trouxe um importante relato do governo paraibano na defesa de seus interesses: “O que a Paraíba está fazendo atualmente não é nada mais nada menos do que resistir com um ato instintivo de conservação”, escreveu Silvino.
Nessa época era intensa a sua produção literária. Colaborava com a revista “Era Nova”, e em 1926 e passara a escrever para o jornal paraibano “A União” e o carioca “A Província”, além de dedicar-se as suas composições. No mesmo período, atuava como Chefe de Gabinete de João Pessoa e acompanhava o governador em suas viagens, além de participar do Clube dos Diários.
Os que se sentem afetados na reação que o nosso comércio faz para não desaparecer”, continua a sua defesa, “gritam que essa faculdade de conservação tem seus limites”; e conclui: “Gritam apenas mas não examinam ou não querem examinar se de fato a Paraíba colocou a questão dentro dos limites exigidos”.
Diziam os seus opositores que os tributos eram “excessivos” e “extorsivos”, mas o nosso poeta demonstra que a majoração se deu apenas em relação a sede, quando comparada com o produto do algodão, pois alteraram-se os critérios anteriores de sua tabela.
Explica porém que “O que parece majoração nos nossos impostos não passa de um simples desdobramento de classes, em que se atendeu aos valores diversos dos artigos”.
E exercitando seus avançados conhecimentos de direito, que lhe valeram a publicação de “Estética do Direito”, tese de conclusão de seu bacharelado em 1924, cita o imposto do trânsito, amparado que estava pelo art. 9º, §2º da Constituição Federal.
É que o imposto de incorporação que se cobrava na Paraíba era o mesmo que era taxado em outros Estados, sob outra denominação. E segundo ele, as planilhas atendiam ao disposto em lei federal nº 1.185 de 1904. Por fim, tudo se fazia necessário para reguardo do comércio local e manutenção do orçamento governamental.

Rau Ferreira

Fonte:
- Jornal “A União”, órgão Oficial do Governo do Estado da Paraíba; Quinta-feira, 06 de junho de 1929: p. 01/02;
- Pequena Biografia do Poeta Silvino Olavo, por Roberto Cardoso - Jornalista. Cisnes/ Sombra Iluminada – 2a Edição: 1985, p. 3/5;
- A vida dramática de Silvino Olavo, autoria de João de Deus Maurício, João Pessoa/PB, Unigraf, 1992 – 68/69;

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................