Cultura & Arte: síntese de uma estória sem começo nem fim
Por Evaldo Brasil
FORMAÇÃO: Desde a segunda metade dos anos oitenta houve um impulso na procura dos cursos oferecidos pelo Dart, Departamento de Artes da UFPB, por parte de estudantes esperancenses, resultando no aprimoramento de alguns em desenho, pintura e escultura, havendo aqueles que enveredaram pela música, seja canto ou instrumentos, além de teatro e cinema.
SÃO JOÃO: Foi e continua sendo uma grande tradição. O primeiro registro que encontramos é o poema “Noite de S. João”, publicado em 24 por Silvino Olavo. Durante muito tempo, espaços como o “Irineu Joffily”, CAOBE, Campestre e diversas escolas foram palcos de grandiosas festas e quadrilhas. Além da Festa do Coco, organizada por José Luiz, havia valsa, xote e rancheira marcando os antigos festejos, bem como as comidas típicas e queima de fogos, fogueiras e o Casamento Matuto. Tudo isso também permeando os dias de São Pedro e de Santo Antonio, das adivinhações casamenteiras. Dentre os marcadores de quadrilha destacaram-se Benício Nóbrega, Antonio Coelho, Teotônio Rocha, Matias Virgolino e Ascendino Portela. Outros nomes apareceram naquele cenário, como Ednaldo Sales e Gera, contudo, com o advento dos festejos nos moldes para turista ver, realizados em Campina Grande, a cidade passou a centralizar tudo no Arraial da Esperança, em 1989, tendo a participação de quadrilhas de outras cidades, bem como bandas musicais do chamado oxente music ou forró elétrico. Ainda tem nas bandas locais Estação da Luz, Fixação e Lu Natureza suas mais constantes atrações. Foi o fim das quadrilhas de rua. Como na Festa Padroeira, barracas instaladas nas imediações do arraial, coretos, onde a festa se dá com triângulo, zabumba, pandeiro e sanfona, acompanhados de guitarra e saxofone, caracterizam a dinâmica da aculturação e da influência da indústria cultural. Nesse espaço de efervescência artístico-cultural, surgem novos artistas, a exemplo de marcadores de quadrilha como Júlio Vanderlâneo, do Grupo Cultura de Rua B-Funk; Naldo de Zezim e a Professora Querida. As quadrilhas voltam com os Arraiás nos Bairros, iniciados pela Ban FM, sob a direção de Luciano André e incorporado pela gestão “Trabalho com Participação, de João Delfino.
LAPINHAS: Os presépios montados em Esperança se destacam pela grandiosidade. Os já montados na Igreja Matriz ocupam uma área considerável, em torno de 3 metros de fundo por 6 de largura, ascendendo por cerca de 5 de altura, ocupando uma parede com um painel da cidade antiga de Belém. Inúmeros santinhos, animais, pedras e vegetais fazem a composição do cenário de nascimento do menino Jesus. Até 2007 a Prefeitura Municipal montou, no coreto da Praça da cultura, um presépio com manequins. Contudo, o mais popular, desde 1945, é o da residência de Inacinha Celestino, onde iniciara com seus pais, Juliana Taveira e Francisco Titico Celestino. Ela é quem o prepara desde então, tendo contado com a colaboração da prima e irmã de criação Maria do Socorro até 97, quando esta faleceu. A cada ano registram-se inúmeros visitantes para ver a montagem em papel madeira, pintado com tonalidades que reproduzem as pedras que formam a gruta, onde é instalada a manjedoura. O ambiente, composto de estatuetas de animais, dos reis magos e anjos, é enriquecido com vegetação natural. Possui também lago feito de espelho e bela iluminação. O conjunto ocupa a ante-sala da casa e se encontra a cerca de um metro do chão, protegido por um delimitador de corrente. O leitor poderá apreciar essa tradição que fica na residência de Inacinha, na Balaustrada da Rua Solon de Lucena.Vale a pena.
Evaldo Brasil
Fonte:
- Revista Comercial de Esperança, Ano V. Esperança/Pb, dezembro de 2008. Editor Fernando Rocha;
- Manuscrito: Evaldo Brasil, que foi ator neste cenário (Panela de Barro, Tupiniquim, Semap etc.) e hoje tem a sala de aula como palco no teatro da vida.
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