É Zezinho Bezerra natural dos carrascais de Esperança, na minha Paraíba, donde saiu para resgatar o lírico de uma assim chamada “Geração 59”, quem nos brindou com o seu “Baú de Lavras” (Ed. UFPB: 2009).
O poeta define a poesia em versos e autobiografa as sua memórias, vivenciadas na fazenda de seu genitor, na pequenina Banabuyê. Lembra no “Beijo-Doce” e as trairas que “que esperavam dóceis, ser pescadas à mão por Zazá” e os brejos de Camucá, Caracol e Timbaúba que lhe eram familiares.
“O meu pai dedilhava na varanda
a moda duma dona sem virtude,
e destoava trovas de ciranda
no terreiro, coaxos pelo açúde
….............................................”
(A Casa-Grande de Timbaúba I: p. 97).
E ainda revela:
“Borda minha mãe um amuleto,
Meu pai ferrava gado no curral.
Meus irmãos ensaiavam, em terceto,
Ladainha, que fosse madrigal.
….............................................”
(A Casa-Grande de Timbaúba II: p. 98).
E dedica versos aos seus amigos/ companheiros: Vanildo Brito e Paulo Pires.
Em “Cantos da Terra Natal” (fl. 105/112) volta à infância com seu cavalo-de-pau; e conclui na página seguinte “Mais quero eu é voltar para Esperança” (Voltarei nem que seja sem voltar).
Inicia e segue o vate citando Goethe. E Meireles... E Camões.... E Neruda, Benedetti e Shakespeare com uma faciliade incomum de um ativista em Helsing; assessor em Praga, e acadêmico em Berlim que o fora.
É a obra d'uma vida, recontada em seu baú cujas recordações vem à tona. E nos soa familiar pois em Esperança a história sempre se repete, desde que um tal Silvino ousou cantar seus Cysnes, perfilados por Magnas, Reginas e Carmitas; e Egbertos, Vitais, Marxs, Evaldos e Ferreiras atuais...
São lavras ilustradas por Córdula Filho, encadernadas numa bela produção de capa dura e autorelevo. E de um conteúdo inédito e compleição poética robustecida pelo tempo que o seu baú nos trás.
Ler “Baú de Lavras” é o melhor exercício literário e intelectual que fiz nos últimos dias. E reler é puro prazer!
Rau Ferreira
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