Silvino Olavo – Sol - nasceu na Lagoa do Açude em 1897. Fora o primogênito de vinte irmãos, dos quais muitos deles tiveram morte prematura, episódio retratado em um de seus poemas – vinte punhais sem jóias de alfazema / cravados n’alma dos meus pais cristãos! – (Dó, Sombra Iluminada: 1927). Ainda neste ano foi batizado na Igreja do Bom Conselho, na antiga Vila de Esperança.
Em 1915 sua família se muda para esta cidade, tendo seu pai construído um solar próximo à Matriz.
Na escola, em Esperança, tivera o primeiro contato com as letras e a oratória, sendo requisitado para saudar os mestres e visitantes. A poesia, nessa época, lhe tocara o coração, talvez motivado pelas cantorias e cordéis que ouvia no recesso familiar. E é o próprio Silvino que nos diz:
“Em casa de meu avô era matéria obrigatória de serões a leitura desse folhetos em que se pagavam em justas, ao som da viola, esses improvisadores geniais, sempre ciosos da sua força satírica diante do adversário, em jamais se confessarem vencidos, um ao outro” (A União: 1926).
Carlos Dias Fernandes assim descreve o seu colega de redação:
“Radioso, forte e viril, pela pujança de uma juventude que desabrochou no clima helênico de Esperança, o “lírio verde da Borborema”, onde se casam os esplendores e louçanias da terra ferraz e nova com a transparência das secagens maravilhosas. (...)Nascido e criado no campo, dentro de um lar abastado e feliz, repleto de candura rural e eugênica fecundidade. É ele própria quem invoca a sua numerosa irmandade, nascida viável mas nem por isso escapa às ceifas inconscientes da morte. (...) Foi ele, assim, o primogênito dessa luzida cauré de sertanejos, de que ainda restam oito, atestando a salubridade dos pais e da pequena vila serrana, onde parece que eram perdidas as dríades e as musas, nostálgicas do desfeito Olímpo” (A União: 1927).
Aqui jogou os “jogos pueris” de seu tempo e descansou à sombra de um cajueiro. Aqui também fora tomado por um amor arrebatador e impossível - a minha menina, a que mais bem me quis! (Retorno, Sombra Iluminada: 1927) -, que lhe obrigou buscar refúgio na capital do Estado.
Volta porém em 1925, poeta consagrado, para presentear a sua comuna com o belíssimo discurso “Esperança – Lírio Verde da Borborema”, que foi por assim dizer o estopim do levante da nossa emancipação política.
Foi, sem sombra de dúvida, o personagem da nossa história que deu mais do que recebeu de sua terra.
Rau Ferreira
Fonte:
- OLAVO, Silvino. De Folklore. A União: 1926;
- OLAVO, Silvino. Sombra iluminada. Rio de Janeiro: 1927. 120 páginas não numeradas. Ex-libris do autor;
- FERNANDES, Carlos Dias. Poetas Novos e Velhos, Sombra Iluminada. A União: 1927;
- FERREIRA, Rau. Silvino Olavo. Edições Banabuyé. Epgraf: 2010.
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