Evaldo Brasil
CORDEL 49.155: O ataque rasante dos gansos de Zé Belo
(Para professor Dinha, Adailton Santos)
Revendo memórias de criança
Parei, pensei... A pouco me dava
Conta de que nossa lembrança
Só com estímulos se mostrava.
Dinha, que um dia fora menino,
Vem aguçando o humor ferino
E numa tirada me provocava:
II
―Silvino Olavo devia estar doidão
Falando de Cysne, de Sombra
Iluminada... Aqui tem é ganso.
E eu nem sei qual era a lomba.
―Adriano Véi ficava chorando
Quando, comigo, pelejando o
Velho poeta, detonado tomba.
III
Por trás de casa campo incerto
A esquina de hoje era curvada
Garagens, esgoto a céu aberto
Óleo cru, fezes, terra molhada
E a gurizada brincando ao sol
O barro secando no mocotó
Carreira na hora da revoada.
IV
Relembro terreiros onde criança
Cacei, pesquei... tanto brincava
Rua da Lagoa, Ladeira do Cabaré
Onde, em venturas, eu sonhava.
Lula, a marretada, o sapo voando
Notas de cigarro e eu enricando
E um rasante que amedrontava.
V
Os gansos, primos dos cisnes
Saiam do muro, bela fazenda
De Seu Zé Belo e Dona Idalina
De manhãzinha, feito lenda.
Vão catar comida, em fileiras
E subiam e desciam ladeiras
Chegar perto era pagar prenda.
VI
Pousariam nas cercas do muro
A gente rolava de rir, à distância
Nas dunas de areia, lixo e sucata
Compondo o cenário de infância
E os cisnes esperavam a criança
Que tinha ganso na lembrança
Romper barreiras sem ganância.
VII
Aos gritos os gansos grasnando
Avisavam pra ninguém se conter
Atritos da tropa se atropelando
E medo em riso a se converter.
Na ladeira a carreira arrasava
E a passarada nos sobrevoava
E o sol deitava, pra casa vou ver.
Evaldo Pedro Brasil da Costa
(Em 29 de maio de 2011)
Revendo memórias de criança
Parei, pensei... A pouco me dava
Conta de que nossa lembrança
Só com estímulos se mostrava.
Dinha, que um dia fora menino,
Vem aguçando o humor ferino
E numa tirada me provocava:
II
―Silvino Olavo devia estar doidão
Falando de Cysne, de Sombra
Iluminada... Aqui tem é ganso.
E eu nem sei qual era a lomba.
―Adriano Véi ficava chorando
Quando, comigo, pelejando o
Velho poeta, detonado tomba.
III
Por trás de casa campo incerto
A esquina de hoje era curvada
Garagens, esgoto a céu aberto
Óleo cru, fezes, terra molhada
E a gurizada brincando ao sol
O barro secando no mocotó
Carreira na hora da revoada.
IV
Relembro terreiros onde criança
Cacei, pesquei... tanto brincava
Rua da Lagoa, Ladeira do Cabaré
Onde, em venturas, eu sonhava.
Lula, a marretada, o sapo voando
Notas de cigarro e eu enricando
E um rasante que amedrontava.
V
Os gansos, primos dos cisnes
Saiam do muro, bela fazenda
De Seu Zé Belo e Dona Idalina
De manhãzinha, feito lenda.
Vão catar comida, em fileiras
E subiam e desciam ladeiras
Chegar perto era pagar prenda.
VI
Pousariam nas cercas do muro
A gente rolava de rir, à distância
Nas dunas de areia, lixo e sucata
Compondo o cenário de infância
E os cisnes esperavam a criança
Que tinha ganso na lembrança
Romper barreiras sem ganância.
VII
Aos gritos os gansos grasnando
Avisavam pra ninguém se conter
Atritos da tropa se atropelando
E medo em riso a se converter.
Na ladeira a carreira arrasava
E a passarada nos sobrevoava
E o sol deitava, pra casa vou ver.
Evaldo Pedro Brasil da Costa
(Em 29 de maio de 2011)
* Publicado originalmente no blog Banabuyè 300
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