João Viana dos Santos, conhecido por “João Benedito”, nasceu em Esperança no ano de 1860 e faleceu na cidade de Remígio em 1943. Cantador e repentista, residiu na Rua do Boi (Av. Senador Epitácio) e se apresentava nas feiras livres da região sempre acompanhado de sua viola que trazia dentro de um saco. Era um moreno muito respeitado pela sua habilidade de criar versos e seu jeito irreverente. Mesmo em idade avançada fazia suas rimas. Diziam ainda ter boa memória e “peito fino” e que cantava e glosava abertamente.
O historiador, folclorista e antropólogo Luiz da Câmara Cascudo, cita-o em seu livro e reproduz um desafio que o poeta popular manteve com Antonio Correia Bastos.
O repentista Antônio Ferreira da Cruz chegou a colocar João Benedito em pé de igualdade com Joaquim Sem Fim, considerando-o um dos temíveis cantadores da sua época.
E Coutinho Filho relata, em “Repentistas e Glosadores”, que “em palestras com Josué da Cruz a respeito dos melhores poetas populares da atualidade, ele me falou de cantador João Benedito Viana” (p. 32), citando o mote que o velho repentista estabeleceu entre o homem e o tempo, reproduzido a seguir:
“Há entre o homem e o tempo
contradições bem fatais,
O homem não faz, mas diz,
O tempo não diz mas faz,
O homem não traz nem leva,
Mas o tempo leva e tras”.
Em 1934, contando 80 anos de idade, fora capaz de compor esta sextilha:
“Eis o resto da figura
Do velho João Benedito
Fui gordo igualmente uma bola
Estou magro como um palito
Hoje é quem canta mais feio
Foi quem cantou mais bonito!”
Eis porque muitos o consideravam um filósofo do seu tempo.
Rau Ferreira
Fonte:
- ALMEIDA, Átila Augusto e SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada. Volumes 1-2. Ed. Universitária: 1978, p. 250;
- LIMA, Francisco Cláudio de. 50 Anos de Futebol e etc. Ed. Rivaisa: 1994, p. 148;
- BARRETO, Guimarães. Excurssão pelo reino das trovas. Ed. Potengi: 1962, p. 97;
- CASCUDO, Luiz da Câmara. Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Vol. 6. Ed. Globo: 1939, p. 153;
- FILHO, F. Coutinho. Repentistas e glosadores: (Poesia popular do nordeste brasileiro). Ed. A. Sartorio & Bertoli: 1937, p. 32/35.
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