Reportagem Especial
Dando continuidade a nossa série“Túnel do Tempo”, trazemos para o leitor o aspecto do município de Esperançanos idos de 1930.
A cidade vivenciava o apogeu dochamado de “ouro branco”. As bulandeiras funcionavam a todo vapor para odescaroçamento do algodão. O comércio local era impulsionado pelo seu plantioem grande escala, sendo “constanteo tráfego, com vários motores com significante número de burros pelas ruas eestradas de Esperança” (Livro do Município: 1985).
Nesse mesmo ano era instalada a Cooperativa do Banco Popular.
Silvino Olavo, então chefe de Gabinete do Presidente João Pessoa, fazia adefesa do governo nos jornais da Parahyba e Pernambuco. O município registrouuma ativa participação na revolução e nos fatos ocorridos naquele fatídico ano.Há relatos de que o Serrote dos Cocosserviu de posto de observação dos combatentes, “ou melhor, das duas facções, osperrepistas e os liberais” (Livro do Município: 1985).
O farmacêutico José Andrade de Mello administrava a Pharmacia OswaldoCruz, sediada na rua Solon de Lucena, 26, oferecendo medicamentos demanipulação e brindes aos seus fregueses.
O Dr. Sebastião Lima atendia a população, realizando extrações,obturações e restaurações a ouro segundo os processos mais avançados da época.Suas consultas se davam das 9 às 11 e de 13 às 17 horas na rua Senador Epitácio(atual Manuel Rodrigues).
Theotonio Tertuliano da Costa negociava tecidos, calçados e chapéus narua Senador Epitácio, 96, além de ser correspondente do Banco do Brasil. A sua“Loja das Noivas” havia sido fundada em 1897.
O jornal “Correio de Esperança” circulava na cidade. Sua publicação era semanal, sendoproprietários os sócios Salles e Andrade. A redação e a oficina funcionavam narua Juviniano Sobreira, tendo como redator-chefe o professor Luiz Gil deFigueiredo e colaboração de Severino Torres e Antonio Araújo.
Em 1930 tivemos doisadministradores paroquiais. Monsenhor Severiano conduziu os trabalhos da igrejaaté março daquele ano, enquanto que o Padre Álvaro Gabínio de Carvalho assumiaas funções de vigário paroquial no mês seguinte, permanecendo no cargo por trêsanos. Nesse mesmo período, falecia no Rio de Janeiro o Padre FranciscoGonçalves de Almeida, primeiro padre a ser nomeado para a Paróquia do BomConselho.
Theophilo de Almeida, competentegráfico que prestava serviços ao jornal, casara-se nesse ano com a sua noivaJosepha Borges. Foram testemunhas do ato Antonio Athayde e Antonio de AraújoFreire.
Oficiavam na justiça local o Dr.Orlando de Castro Pereira Tejo (Juiz Municipal); Pedro Damião (PromotorPúblico), Theotônio Cerqueira Rocha (Adjunto de Promotor) e José Irineu Diniz(Partidor). O médico Manuel Cabral, quando não atendia em seu consultório,fornecia laudos periciais em questões penais. Havia pelo menos dois advogadosprovisionados: Ulisses Coêlho e Severino Diniz. O tabelionato público era deresponsabilidade de João Clementino Leite.
A União Operária Beneficente,embrião do nosso CAOBE, elegia sua presidência para o biênio 30/31,constando-se a seguinte relação: Honório Athayde – Presidente; José Sabino deOliveira – Vice-dito; João Gomes da Silva – 1º Secretário; Sebastião Leite –2º. Secretário; Luiz Alexandrino da Silva – Orador; Lourival Alves –Tesoureiro; Francisco da Costa Pinto – arquivista.
Ignácio Rodrigues de Oliveiraadministrava o Cine-Ideal, na rua Epitácio Pessoa, e um depósito de aguardentese canas, sito à rua Solon de Lucena. Enquanto Luiz Gil de Figueiredo dirigia oInstituto Tiradentes, estabelecimento de cultura cívico intelectual, na ruaSenador Epitácio, 345. E Sebastião Felix costurava por baratíssimos preços, comrapidez e perfeição em sua “Alfaiataria do Povo” na rua Presidente Suassuna,45.
O comércio local erarepresentado por diversas lojas, a exemplo da CASA VALDEZ, de José Valdez; AATRACTIVA, de José Carolino Delgado; A VENCEDORA, de Maximino Alves e a ESTRELADO POENTE, de Antonio Nicolau da Costa. Além de duas agências de veículos: apioneira agência da Chevrollet, de Francisco Bezerra, que funcionava na ruaSolon de Lucena, 53, com oficina especializada. E uma filial da agência daFord, de Ottoni & Cia, na Praça Dr. João Tavares, 66, revendendo carros e caminhõese acessórios em geral.
O Sr. Ivo Donato mantinha umapensão familiar nesta povoação, além de negociar na sua Mercearia LEÃO DO NORTE estivas e cereais.
Rau Ferreira
Fonte:
- ESPERANÇA, Livro do Município de Esperança. Ed.Unigraf. Esperança/PB: 1985.
- CORREIO DE ESPERANÇA, Jornal. Edições de N. 08 e 12.Março/Abril. Esperança/PB: 1930.
- PARÓQUIA, Revista Centenário. Ed. Jacinto Barbosa.Esperança/PB: 2008.
- FISCO, Revista do. AnoXXXVIII - N. 364. Paraíba, Setembro-2008.
- PARAHYBA, Almanach doEstado da. Vol. 16. Imprensa Oficial: 1933.
- PARAHYBA, Anuário doEstado da. Vol. 1-3. Imprensa Oficial: 1934.
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