Pular para o conteúdo principal

Egídio de Oliveira Lima

Egídio Gomes de Lima
Egídio de Oliveira Lima era filho de Francisco Jesuíno de Lima e Rita Etelvina de Oliveira Lima. Nasceu em Esperança no dia 04 de junho de 1904 e faleceu na capital paraibana a 23 de fevereiro de 1965.
Poeta popular, jornalista e autodidata destacou-se como folclorista e escritor de cordéis cuja maior parte fazem parte do acervo da Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
Mudou-se para Campina em 1937 e nos anos 60 foi residir em João Pessoa.
Escreveu diversos artigos sobre a literatura de cordel para as revistas Arius (Campina Grande) e Manaíra (João Pessoa), das quais foi colaborador e redator. Dirigiu a revista “As fogueiras de São João” (1941) e foi o responsável por colecionar as antigas edições dos folhetos de Leandro Gomes de Barros - festejado autor cordelista paraibano - e de outros autores, cedido posteriormente a Universidade da Paraíba.


Na fotografia acima observamos, em primeiro plano, sentados: Inácio Rocha (esquerda) e Egídio Lima (direita); em segundo plano, em pé: Antônio Mangabeira e Epitácio Soares.
Na época em que se interessou pelo cordel o assunto merecia desprezo na Paraíba, assim podemos dizer que Egídio foi um desbravador neste sentido. Privou da amizade de grandes nomes desta literatura, como José Limeira e ganhou certa notoriedade. Seus folhetos sobre o Padre Cícero e Getúlio Vargas, tiveram uma grande tiragem, este último contou 50.000 exemplares e se destinava à distribuição popular. Sua principal obra foi “Os Folhetos de Cordel”, uma antologia que reúne diversos versos produzida pela Editora Universitária em 1978.
No ano de 1937, com Antônio Manguabeira, fundou a Academia das Esquinas, um círculo informal que se reunia, quase sempre, à noite nas esquinas campinenses, erigindo esses locais como centro de circulação de ideias e de preocupações sócio-culturais. Três anos depois, tomando por base os mesmos freqüentadores, inicia as atividades da Academia dos Simples que, apesar da informalidade, tem seus estatutos e membros filiados da qual fazem parte Epitácio Soares, Anézio Leão, Mauro Luna, Felix de Souza Araújo, Inácio Menezes Rocha e José Nobrega Simões. O esperancense também participou, anos depois, do Clube Literário de Campina Grande (1947), assumindo a função de 2º Secretário (1950).
Como cordelista, é autor dos seguintes títulos: Desafio de João Silveira com Egídio Lima (Tipografia Luzeiro do Norte), Parahyba de Luto: o bárbaro assassinato do presidente João Pessoa em Recife (sob o pseudônimo de Zé Parahybano), A Miséria de 1930 e o Choro de 1931.
Do livro “Coletânea de Autores Campinenses” extraímos a seguinte poesia de sua lavra:
Meus cabelos brancos

Os meus cabelos brancos vão nascendo
Como fios de neve sobre a serra
A cabeleira presta se desterra
Enquanto a nevoenta vai crescendo.

Na luta por que vou envelhecendo,
Sinto crescer a mágoa que me aferra,
Eu temo esta velhice aqui na terra
Porque dês que nasci vivo sofrendo.

No outono a folha verde murcha e morre,
O rio desce e, lentamente, escorre
Deixando as barbas brancas nos barrancos...

A vida passa e eu nesta jornada
Contemplo a minha vida debruçada
Sobre o sudário dos cabelos brancos...

Egídio de Oliveira Lima é patrono da Cadeira nº 22 da Academia de Letras e Artes do Nordeste. Uma rua no bairro de Nova Brasília em Campina Grande e uma praça no bairro dos Bancários, em João Pessoa, foi assim denominada em sua homenagem.

Rau Ferreira

ADENDO:

Magna Celi (filha de Zé Meira e d. Maria) em seu livro de memórias acrescentou as seguintes informações: Egídio Lima casou-se com Judith Marques de Almeida. Geraram dezoito filhos: Everaldo (+), Ubirajara (+), Violeta Lima (+), Miriam, Diósthenes, Adalberto, Nícia, Dionísio, Getúlio, Verbena Lima, Vitória Régia Liima, Antônio Carlos, Edith, Nicoreme e Dionísio.
Era filho de Francisco Jesuíno de Lima, casado com Rita Etelvina de Lima, com a seguinte prole: Egídio, Sebastião, Severina e Margarida. Enviuvando Francisco, contraiu núpcias com Neném, nascendo então Beatriz (Beata), Gema e José de Arimatéa
Está às Págs. 90 do livro "Saudades, um lugar dentro de mim" (Memórias), de autoria de Magna Celi. Mídia Gráfica e Editora. João Pessoa/PB: 2018.

Esperança, 19 de outubro de 2021.

Rau Ferreira

Fonte:
- ALMEIDA, ÁTILA Augusto F. (de). SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada, Volumes 1-2. Ed. universitária: 1978, p. 158.
- Bibliografia CORDEL WIKI. Disponível em: http://pt-br.cordel.wikia.com, acesso em 19/08/2010;
- Coletânea de Autores Campinenses. Comissão Cultural do Centenário. Prefeitura de Campina Grande. Campina Grande/PB: 1964.
- LESSA, Orígenes. Getúlio Vargas na literatura de cordel: ensaio. 2ª Edição. Ed. Moderna: 1982, p. 9 e 13.
- LIMA, Egídio de Oliveira. Os Folhetos de Cordel. Ed. Universitária/UFPb: 1978. 
- Município de João Pessoa, Lei nº 11.544, de 15/09/2008: denomina Praça Egídio de Oliveira Lima no bairro dos bancários. Semanário Oficial: nº1.132 de 21 a 27/09/2008, p. 02;
- RAPOSO, Thiago Acácio. Nas tramas dos versos: a construção do herói João Pessoa na literatura de cordel nordestina (1928-1931). UEPB. Curso de História. Campina Grande/PB: 2016.
- Site: Vivendo e aprendendo, disponível em cache: http://dd-vivendo-e-aprendendo.spaces.live.com.

- GAUDÊNCIO, Bruno Rafael de Albuquerque. Da Academia ao Bar: Círculos intelectuais, cultura impressa e repercussão do modernismo em Campina Grande/PB (1913-1953).UFCG. Campina Grande/PB: 2012.

Comentários

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Anselmo Costa

O Pod.: Ir.: Anselmo Costa é filho do ilustre desportista José Ramalho da Costa e d. Maria da Guia Costa. Casado com a Sra. Meire Lúcia de Faria Costa, tem três filhos (Rodolfo, Renê e Rainer) e dois netos gêmeos (Guilherme e Gustavo). Nasceu em Esperança no dia 08 de Fevereiro de 1950 e se dedicou ao ramo de Clínica Odontológica em Brasília/DF, onde reside desde 1976. Na maçonaria, teve sua iniciação junto a ARLS Mutirão Nº 11 – GLMDF - em 13 de dezembro de 1986, sendo elevado em 9 de outubro do ano seguinte e exaltado em 17 de junho de 1988. Sua instalação ocorreu em 19 de maio de 2000, tendo exercido o cargo de V.'. M.'. daquela oficina por duas vezes, no período de 2000/2001 e 2009/2011. É membro do S.C.G.33 do R.E.A.A. DA M.R.F.B,.desde 1993, e da Academia Paraibana de Letras Maçônicas, tendo atuado como Juiz do Conselho de Justiça do GLMDF (2002/2005) Idealizou e fundou o Capítulo Mutirão Social Nº 775 da Ordem DeMolay.Or.'. do Guará-DF e Associação Brasil

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................