O primeiro longa metragem que se tem notícia na
Parahyba foi o documentário SOB O CÉU NORDESTINO, de Walfredo Rodrigues. O filme
produzido pela Nordeste Filmes demorou quatro anos para ser finalizado
(1924/1928).
No enredo as coisas da nossa terra: o índio, a fauna e
a flora, a pesca da baleia no litoral da Paraíba, encerrando-se com a descrição
da capital, suas praças, jardins e monumentos.
A estreia na Capital paraibana foi precedida de ampla
publicidade. Era um acontecimento notável para a velha cidade. Ao Cine Rio
Branco compareceram as principais autoridades estaduais: o Presidente João
Pessoa e seu chefe de gabinete Silvino Olavo, além do secretário José Américo
de Almeida.
A película chamou a atenção de todos que ficaram
admirados com as belezas do nosso Estado. Não obstante, os presentes circulavam
entre o bar ao lado da sala de projeção, a passarela da beleza – onde as mais
belas se faziam presentes – e a society
com os seus comentários vivazes.
Na saída, o chefe do governo democrata, que se
mostrava de bom humor, aspecto este que fora notado pelos seus auxiliares, sentou-se
em um banco para tomar um café, deixando o ponto de Cém Réis intransitável.
Todos queriam ver João Pessoa, mas quis o destino que este fosse o seu último
contato com os conterrâneos.
Nesse aspecto, o poeta esperancense ficou deveras contrariado.
E ainda se valendo de sua autoridade, compareceu ao Recife onde exigiu que
fossem realizadas investigações severas para se descobrir aquele que ceifara a
vida do seu malogrado chefe.
Após a exibição, surgiram artigos de elogios, dentre
os quais, destacamos o de Francisco Marcelo para a publicação “Nordeste”, em
maio de 1929: “Como documentação,
repetimos, é um bom filme. Tem nitidez, tem paysagens, tem marinhas, tem
movimentos, tem quadros. Destes, se outros merecimentos o filme não tivesse –
Risos entre flores - , só por si, seria bastante para valorizá-lo”.
O filme foi exibido em todo o interior da Paraíba e de
Fortaleza. A obra foi apontada pela revista O CRUZEIRO como “obra de sadio patriotismo”. Já o crítico
Severino Alves Ayres a chamou de “panoramização
da Paraíba”.
Os
rolos se perderam no tempo, não se tendo notícia de alguma cópia. Contudo, parte deste trabalho foi utilizada no documentário “Homens de Areia”, de
Vladimir de Carvalho.
Rau Ferreira
Referência:
-
FERREIRA, Rau. As razões do nego
parahybano. Esperança/PB: 2012.
-
FERREIRA, Rau. Silvino Olavo. Epgraf.
Esperança/PB: 2010.
- HOLANDA,
Karla. Documentário nordestino: mapeamento, história e análise. São Paulo:
Annablume, Fapesp, 2008.
- OLIVEIRA,
José Marinho de. Dos homens e das pedras: o ciclo do cinema documentário
paraibano, 1959-1979. Editora da Universidade Federal Fluminense: 1998.
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