A domingueira dos anos 80 começava bem cedo. Quem trabalhava, e naquele tempo se permitia menor trabalhar, juntava um dinheirinho para gastar no final de semana.
No meu tempo, ou nas minhas condições, fazia sucesso a "bicicross", mas só podíamos locar uma bicicleta barra circular sem paralamas no aluguel de Zé Antonio, na calçada do supermercado Boa Esperança.
Cada bicicleta tinha uma numeração que o proprietário anotava na sua caderneta com o horário da devolução. Era uma fila de "magrelas" a maioria na cor vermelha. Tinha também o aluguel de Edinho, em menor escala.
A garotada circulava de bike pela cidade, que se resumia a seis ou sete ruas principais. De quando em vez, alguém soltava as mãos do guidão e pedalava em malabarismo para o delírio da molecada. No percurso, era comum parar na Sorveteria Progresso, de Dona Irene, pra comprava o picolé direto da fábrica.
Depois das pedaladas, seguia-se um lanche, que podia ser um doce de leite com água no bar de seu Basto, na rua Manuel Rodrigues.
Ainda pela manhã se podia assistir as preliminares no Campo do América, ou um bom jogo de vôlei na quadra daquele estádio.
Não existia fast-food, restaurante ou quentinha pronta. O almoço tinha que ser em casa, com a família reunida; ou para a galera dos biri night, o panelaço no bar de Vicentão.
A tarde se resumia às matinés no Cine S. José. Seu Manezinho mantinha a ordem e recebia os bilhetes na entrada.
O cinema era um mundo novo que se abria, primeiro com o Canal 100, com as jogadas espetaculares dos craques do Rio: Zico, Dinamite, Toninho Cereso, Falcão, Sócrates, apenas para citar alguns. Depois, com os filmes dos Trapalhões, Bruce Lee ou Simbad – O Marujo
Às vezes tinha jogo no Campo, quando o América participava de alguma competição. Todo mundo se espremia para ver a turma jogar tomando din-din. Vale lembrar que foi em 89 que o Mequinha conquistou o troféu da Liga Campinense de Futebol.
Nos campos de pelada, os “bons de bola”, que me vem à memória, eram Luciano da Gráfica, Jordão Salviano, Luciano André, Dida de Goteira, Fernando Pintor, Iderlânio de Newman, Fuca de Arlindo da Prestação; Cleber de Gilberto de Michelo, Marquinhos de Maloque, Pelezinho de UA, Júnior de Gilvan da Farmácia e Roberto de Lalinho.
A noite tinha o passeio na Praça da Cultura, que na época permitia uma volta inteira, subindo a lateral do Caobe, e descendo em frente à biblioteca. Quando podia, tomava uma rodada de refrigerante com cachorro-quente na barraca de Ledo ou de Tité, prá depois entrar no CAOBE, fosse para participar do “assustado”, ou assistir um show com as bandas Neradetson, Feras de Parelhas, ou grandes artistas como Nelson Gonçalves, Núbia Lafaiete e Antônio Marcos.
Os medos da gente se resumia ao papa-figo, que pegava crianças; e a mulher de branco, que aparecia à noite no Colégio Estadual. Não existia essa violência que hoje vemos, por isso muita gente ainda sofre de nostalgia, relembrando aqueles tempos.
Rau Ferreira
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