Dando
continuidade à temática sobre o “Carnaval”, hoje iremos contar algumas
histórias e fatos pitorescos desta festa em nossa cidade. Comecemos pela “Última
Hora”. A Escola de Samba surgiu na véspera do carnaval de 1967, até onde
sabemos, composto por alguns ex-integrantes da Pioneiros do Samba, como Marré, ex-goleiro
do América, Manuel Freire da Rocha, Chiclete, Jaime Pedão, Djalma de Máfia e
Marconi. Com a ajuda do sanfoneiro Manuel Tambor conseguiram alguns instrumentos
para sair às ruas. No segundo ano, foram ensaiar na casa de seu Pedro Lourenço.
O nome da agremiação, segundo Janilson Andrade, veio porque seu Pedro era muito
descansado, então alguém sugeriu “Última Hora”, que foi aceito de imediato. A
presidência coube a seu Luziete de Arruda Câmara, que organizou e deu vida à
escola. Em 1973 com mais de 30 componentes ganhou o 1º lugar no desfile em
Campina Grande.
Os
anos 60 ficaram marcados pelo “Corso”, que era o passeio de carros ornamentados
pelas ruas principais da cidade, carregado de foliões; os blocos da época eram
transportados por Jeeps, desse tempo, o mais conhecido era “As bruxinhas ripies”,
cujo motorista era seu Ernane, esposo de Celita do Cartório.
O
carnaval de 1974 ficou marcado por um temporal que veio a cair naquele ano. Por
volta das duas ou três da tarde da terça-feira de carnaval, o céu se
avermelhou, caindo uma forte chuva sobre a cidade. A rua do Boi alagou, numa
enchente nunca antes vista. O bloco dos Índios que subia a rua de Areia, não suportou
a enxurrada e lutaram muito para que a água não os levassem de rua abaixo. O
engraçado é que, naquele momento, eles cantavam uma marchinha que dizia em seus
versos: “Chuva grossa não me molha,/ Sereno quer me molhar,/ Meu senhor”.
Havia
uma plantação de bananeiras nas margens do Banabuié pertencente ao senhor
Elísio Brandão que quase foi levada pela chuva. Uns relatam que naquele ano
caiu granizo, que não ficou uma antena de pé, houve ainda um grande apagão,
deixando toda a cidade sem energia elétrica.
Os
Taka-toxas era um grupo carnavalesco criado em 1982 por jovens. Costumavam
desfilar vestidos de médicos e possuíam até uma “Imbulança”, com sirene e tudo.
No final dos festejos, vendiam o automóvel todo amassado e com o motor batido.
Para
participar tinha que saber dirigir, o problema é que nem Doginho nem Jailton
Rodrigues na época tinham essa habilidade. Então resolveram aprender, colocando
o carro na ladeira da rua Manuel Cabral. A marcha era sempre a primeira, não a
primeira de força, mas a primeira que fizesse o carro pegar. O carro começou a
desenvolver velocidade, quando Doginho perguntou a Jailton como é que fazia
para parar o carro, depois de cruzar os pés, conseguiram acertar o pedal e estancar
o carro no final da rua.
Certa
vez um dos rapazes saiu para dar um passeio no carro, passou pela praça, foi
até a Igreja e deu um “cavalo-de-paú”. Com isso houve uma denúncia anônima e o
Delegado da época prendeu o veículo.
Os
componentes em protesto saíram às ruas na tentativa de arranjar dinheiro para
pagar o carro, pois tinham gasto tudo em cervejas. Encontraram um fogão velho,
puseram sobre um carrinho de mão e fizeram uma rifa. Todos os foliões
colaboravam independente do prêmio. Este fato mereceu registro fotográfico e
pode ser visto no Livro do Município às fls. 58.
Em
1984 os Taka-toxas resolveram inovar se fantasiando de “Metaleiros do Rock”.
Compraram um Opala 74 no ferro-velho, pintaram todo ele de preto, desenharam
umas caveiras com fogo saindo do capú. E vestidos à caráter, tipo “roqueiros”,
saíram no sábado de carnaval levantando muita polêmica para a sociedade
conservadora da época.
A
última participação do grupo em carnavais foi em 1986, deixando muita saudade
pela sua irreverência e alegria.
Chegamos
ao ano de 2009. O saudoso jornalista Jacinto Barbosa, então Secretário de
Comunicação da Prefeitura, reviveu os antigos carnavais promovendo com o Rotary
Club o “I Baile de Máscaras”. Esta festa foi um enorme sucesso em Esperança, e
que se repetiu ainda por outros anos.
Agora
vamos falar da “La Ursa”. Marquinhos Pintor e o Grupo Cultural Quero Mais, da
comunidade S. Francisco, procuram manter viva essa tradição, coordenando um
concurso de apresentações naquele bairro.
Há
quinze dias da folia de momo as pessoas se trajam dessas figuras e percorrem a
cidade com suas batucadas. São jovens, crianças e adultos que ao som do repique
e tambor fazem a alegria de alguns e trazem desconforto para outros, pois
ninguém agrada a todo mundo.
Os
“ursos” no carnaval tem origem nos ciganos europeus, que percorriam as vilas
com seus animais presos em correntes e dançavam de porta em porta em troca de
algumas moedas. Na versão atual, as pessoas é que encenam esta apresentação
vestidos de estopas e com máscaras de papel machê ou plástico fazendo a sua
arrecadação, muitas vezes seguidas por uma multidão de foliões.
Citemos
agora algumas bandas que já tocaram no carnaval de Esperança: Marajoara de
Frevo, Sambagueto, Tribala, Orquestra Frevança, Locomotiva, Nalevada, Feitiço
Elétrico, Afrodite, Pinel da Bahia, Eclipsamba e Balanço Elétrico. Aguardamos a
participação dos ouvintes para complementar esse nosso trabalho.
Pra
finalizar, quero dizer que o namoro dos meus pais teve início na última noite de
carnaval. Na terça-feira, meu pai chamou minha mãe para dançar e, no final
daquele baile que se realizou no CAOBE, meu pai disse até sábado, não falou nem
mesmo em namoro, mas o casal já estava formado.
Rau Ferreira
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