Pular para o conteúdo principal

100 Anos da "Caza Paroquial"

Este ano mais um prédio histórico completa seu centenário, dentre aqueles que ainda restam da antiga Banabuyé: a “Caza” Paroquial.
Estabelecida na Rua Monsenhor Severiano, próximo a Igreja Matriz, a Casa Paroquial é a residência oficial dos padres de nossa Paróquia. Verdadeiro patrimônio histórico, é uma das construções mais antigas do município e, apear de algumas reformas, mantém a sua fachada original em estilo colonial, com cinco janelões e um círculo no alto, que registra a sua data inaugural (1916).
Sua construção teve início em 1914, por iniciativa do pároco José Vital Ribeiro Bessa (1913/1922) e demorou cerca de dois anos para ser concluída.
Pouco tempo após a sua edificação, ainda em 1916, abria as suas portas para receber Frei MartinhoJansweid, o frade alemão que percorria a Parahybaem sua Santa Missão.
Vindo de Alagoa Nova, onde pregara para uma enorme multidão, chegou em nossa Vila no dia 21 de setembro daquele ano, onde fora recebido com uma salva de fogos e aclamações de todo o povo.O Padre Zé Vital ficou encarregado de prestar-lhe as boas vindas. Esse fato foi marcante na história daquela residência, já que muitos tinham o frade na conta de um santo. Ao Frei Martinho é atribuída a construção da Igreja do Rosário, na Capital Parahybana.
Em 1939, o Padre João Honório de Melo realizou grandes melhoramentos na estrutura da residência oficial:
No presente ano, voltei, também, as minhas vistas para a Casa Paroquial, que estava a carecer de grandes melhoramentos, dado o seu estado de má conservação. Removi todo o piso interno, calçadas da frente e lateral, forrei em grande parte e procedi uma limpeza geral interna e externa. Neste serviços, foi despendida a verba de quase 3 contos de réis. (...) ainda são necessários outros serviços que serão atendidos com brevidade, logo que o permitir a situação financeira da Freguesia. Nos referidos trabalhos, além das esmolas do povo, apliquei o rendimento do patrimônio, correspondente ao ano. Ad rei memorian. Padre João Honório – vigário. 20 de setembro de 1939” (Livro Tombo, Nº. 01).

O vigário ainda construiu uma cisterna e melhorou as instalações sanitárias, despendendo cerca de Cr$ 150.000,00 na época.
No seu interior havia um auditório, denominado de “Salão Paroquial”, onde se davam as reuniões pastorais, catequeses e apresentações dos paroquianos. Hoje em dia essas atividades são exercidas em um espaço especialmente destinado para esta finalidade, conhecido por “Centro Pastoral”.
Nas suas dependência, funcionou o antigo “Pré-seminário”, cujo objetivo era impulsionar as vocações religiosas. Assim, concluídos os estudos no antigo Ginásio Diocesano, e em vista das dificuldades dos esperancense, muitos deles de baixa renda, poderia dar continuidade, abraçando o sacerdócio.
Registre-se, ainda, que muitas vezes o Bispo Dom Aurélio dormiu em seus aposentos, quando aqui comparecia para celebrar missas e realizar comunhões e crismas.
O prédio está muito bem conservado e recebe reparos anualmente. Sem dúvida, é uma das mais belas edificações da cidade, dentre as atuais e as que resistiram às ações do homem no cenário urbano.


Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dom Manuel Palmeira da Rocha

Dom Palmeira. Foto: Esperança de Ouro Dom Manuel Palmeira da Rocha foi o padre que mais tempo permaneceu em nossa paróquia (29 anos). Um homem dinâmico e inquieto, preocupado com as questões sociais. Como grande empreendedor que era, sua administração não se resumiu as questões meramente paroquianas, excedendo em muito as suas tarefas espirituais para atender os mais pobres de nossa terra. Dono de uma personalidade forte e marcante, comenta-se que era uma pessoa bastante fechada. Nesta foto ao lado, uma rara oportunidade de vê-lo sorrindo. “Fiz ciente a paróquia que vim a serviço da obediência” (Padre Palmeira, Livro Tombo I, p. 130), enfatizou ele em seu discurso de posse. Nascido aos 02 de março de 1919, filho de Luiz José da Rocha e Ana Palmeira da Rocha, o padre Manuel Palmeira da Rocha assumiu a Paróquia em 25 de fevereiro de 1951, em substituição ao Monsenhor João Honório de Melo, e permaneceu até julho de 1980. A sua administração paroquial foi marcada por uma intensa at

Escola Irineu Jóffily (Inauguração solene)

Foto inaugural do Grupo Escolar "Irineu Jóffily" Esperança ganhou, no ano de 1932, o Grupo Escolar “Irineu Jóffily”. O educandário, construído em linhas coloniais, tinha seis salões, gabinete dentário, diretoria, pavilhão e campo para atividades físicas. A inauguração solene aconteceu em 12 de junho daquele ano, com a presença de diversos professores, do Cel. Elísio Sobreira, representando o interventor federal; Professor José de Melo, diretor do ensino primário estadual; Severino Patrício, inspetor sanitário do Estado; João Baptista Leite, inspetor técnico da 1ª zona e prefeito Theotônio Costa. Com a direção de Luiz Alexandrino da Silva, contava com o seguinte corpo docente: Maria Emília Cristo da Silva; Lydia Fernandes; Amália da Veiga Pessoa Soares; Rachel Cunha, Hilda Cerqueira Rocha e Dulce Paiva de Vasconcelos, que “tem dado provas incontestes de seu amor ao ensino e cumprimento de seus deveres profissionais”. A ata inaugural registrou ainda a presença do M

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani,