Um dos
nossos parceiros nesta narrativa da história local é o amigo P. S. de Dória,
que muito tem contribuído com seus textos e poemas relembrando o passado
esperancense.
Pois
bem. Nessa sua incursão pela história, lembra-nos o parceiro de José Leal,
repórter que por algum tempo residiu em Esperança.
José
Leal da Silva, jornalista, teve sua carreira iniciada em 1946, na revista O
Cruzeiro, trabalhou depois nos principais jornais do Rio de Janeiro e na
revista Realidade.
Em 1956 recebeu o Prêmio Esso com uma série
sobre o alcoolismo, publicada pelo jornal O Globo e intitulada “180 dias na
Fronteira da Loucura”.
Ultimamente fazia parte da Assessoria de
Imprensa do Ministério da Fazenda. José Leal da Silva faleceu dia 2 de janeiro
de 1977, aos 52 anos, no Rio de Janeiro.
No
início do ano de 1960, passou uns 15 dias em Esperança fazendo reportagens a
respeito do sisal (A Agave), que acabou num livro em parceria com outro colega.
Costumava
alugar um "Jeep" e seguia pelos sítios a fazer suas pesquisas . O
motorista era “Boneco”, irmão de "Biau" muito conhecido na cidade.
Na
sequência, o texto do amigo P. S. de Dória:
Rau Ferreira
Fonte
de texto e foto:
- Veja, 12 de janeiro de 1977 – Edição n° 436
– Datas – Pág; 68.
- http://memoria.oglobo.globo.com/jornalismo/premios-jornalisticos/180-dias-na-fronteira-da-loucura-8851099,
acesso em 27/03/2016.
RÉQUIEN PARAJOSÉ LEAL (in
memoriam)
(A desventura de um jornalista
esquecido)
A dor eleva, a dor exalta, a dor diviniza!
Guerra Junqueiro
P. S. de Dória
Nascido
por desígnios da providência no dia 20 de dezembro de 1924 na pequena cidade de
Alagoa Nova-PB, (Poderia ter sido em Esperança-PB), JOSÉ LEAL DA SILVA foi o primogênito da geração de sete irmãos,
filhos do casal João Gomes da Silva e de dona Maria dos Santos Leal. De família
humilde, o seu pai era funcionário público do estado e servia como cobrador de
impostos naquela cidade, função a que hoje conhecemos como agente fiscal ou
"Fisco". À época, o Estado, como em dias de hoje, já não remunerava o
servidor tão bem, e aquele tipo de atividade ainda não conseguira o privilégio
da remuneração dos dias atuais. Naqueles idos o funcionário dessa função não se
demorava muito na mesma cidade, razão porque num espaço curto de tempo a família
foi transferida por algumas vezes, até a definitiva estadia na cidade deESPERANÇA-PB,
onde o seu genitor permaneceu até completar o tempoda sua aposentadoria e onde,
também, outra parte da família nasceu e/ou viveu por longos anos.Quem ainda não
ouviu falar de Benito Leal (ex-locutor do serviço de alto falante do antigo
cinema de seu Titico), João Leal, Socorro Leal ou Pedro Leal (Pepê)?
As
dificuldades financeiras eram constantes. O seu pai estava sendo transferido da
cidade de Alagoa Nova para o vilarejo de Lagoa do Remígio, e o fato das repetidas
transferências ladeadas à falta de escolas e de bons professores noutra
localidade, fizeram-lhe decidir que o menino permanecesse em casa dos avós e um
tio, naquela cidade, para que não ficasse sem estudar. O Clodomiro, seu tio,
era um professor de muito conceito na cidade de Alagoa Nova e gozava de ótima reputação
moral, porém, aos 29 anos foi acometido por uma paralisia nas pernas o que o
impossibilitou de continuar a sua trajetória no magistério. Impossibilitado de
se locomover, pouco tempo depois resolveu abrir em sua própria casa o“Externato
Epitácio Pessoa”, uma escola particular onde lecionava aulas nos três horários
e em diversos graus para alunos interessados filhos das famílias da pequena
população. Num ambiente familiar normal, José
Leal era muito bem aceito pelos seus avós, pessoas já bastante idosas e que
o tratavam com certo carinho. E assim,o menino se fez, também, um aluno do “Externato”
eque,por sua precocidade no aprendizado,pouco tempo depois passou a auxiliar o
tio professor tanto nas atividades escolares como em outras de cunho pessoalque
o mesmo não podia realizar:Fazia uma espécie de "auxiliar-camareiro"
junto ao tio.
Algum
tempo depois, quando tinha apenas nove anos, aconteceu o falecimento da sua avó
que era o pivô da organização da família em todos os sentidos.Foi um grande
choque!A desorganizaçãoentrou em cena culminando com discursões e discórdias no
seio do lar. Posteriormente veio a morte
do avô. A situação complicou-se ainda mais. O professor Clodomiro que se
encontrava com paralisia nos membros inferiores, adquirira o hábito de beber, e
bebia muito, aliás, segundo depoimento de José
Leal, em seu livro "180 DIAS NA FRONTEIRA DA LOUCURA" bebia o dia
inteiro, ao ponto de ficar totalmente embriagado no final da noite, certamente
- imagina este que vos escreve - na intenção de suplantar a sua frustração
devido à irreversível patologia adquirida.
O álcool, num curto espaço de tempo, foi-lhe
definhando física e moralmente, tirando-lhe o prestígio social junto às
famílias que aos poucos foram afastando os filhos do ambiente escolarque se tornara
um lugar hostil e degenerado. A situação financeira agravou-se mais ainda e a
retirada do jovem adolescente José Leal
para junto da família foi inevitável.
O
professor Clodomiro, antes bem conceituado, agora vivia como um bebedor
inveterado que arregimentava elementos desclassificados, outros alcóolatras e
até mulheres vadias para orgias e libidinagens dentro de sua própria residência.
E assim, em consequência de doenças provocadas pelo álcool, como um réprobo, faleceu
aos 49 anos, esquecido e desprezado por todos. Segundo relato de José Leal, em seu enterro não havia mais
que meia dúzia de pessoas conduzindo o féretro.
PASSAGEM
DO JÓVEM JOSÉ LEAL POR LAGOA DO REMÍGIO:
O
vilarejo deLagoa doRemígio-PB, é o novo lugaronde o adolescente José Leal, então com 13 anos, no ano de
1938, aportou. Ali, já por algum tempo residia a sua família. O jovem não teve dificuldades
em se adaptar com os amigos adolescentes mais influentes da sociedade, pois era
um menino instruído, inteligente e falante. O seu pai, por ser cobrador de
impostos e um dos chefes do posto fiscal, já gozava de certo prestígiona cidade
e era amigo e compadre do fazendeiro Severino Bronzeado, o patriarca dos
Bronzeado. As famílias mais tradicionais em Lagoa do Remígio eram: Os Laureano,
os Marinho e os Bronzeado, porém, esses últimos, apresentavam-se-lhe com mais
frequência. Eram seus amigos mais chegados os irmãos Epitácio, Paizinho e Luiz,
além de suas três irmãs Maria, já casada, Carminha e Cleonice ainda solteiras;“belas
morenas de cabelos negros e compridos” – relatou. “Por Carminha, eu era
apaixonado, mas ela não sabia disso, namorava-a de longe, ficava a admirar seus
grandes olhos cor de uva (...), doce e amável ilusão dos meus 13 anos– conta.”Com
os três irmãos compartilhava ativamente a vida de adolescente, nas longas
conversas, nas brincadeiras joviais, inclusive jogando no mesmo time.
José Leal havia
terminado o curso primário e a situação financeira da família continuava
difícil. A vila de Remígio-Pb, ainda não dispunha de uma escola onde ele pudesse
continuar os estudos e a tentativa da procura de um colégio particular em outra
cidade estava fora de cogitação.
Os anos foram passando e com eles, as
esperanças de melhores dias. Era a vida de um adolescente que não mais estudava,
sem perspectivas e atormentada. O jovem chegou a vender em dias de feira,
rapadura, e até tocar bateriaescondido da família, no cabaré do pequeno
vilarejo, para ganhar alguns cruzados.
PASSAGEM
DE JOSÉ LEALPELA CIDADE DE AREIA.
No ano
de 1939 aconteceu uma nova transferência do seu genitor para a cidade de
Areia-PB onde o jovem na tentativa de ganhar algum dinheiro, entre outras
coisas, aprendeu fotografia, foi o fotógrafo oficial das moças da cidade e até
arranjou um emprego de “pintor de cartazes de cinema”, recebendo de 10 a 12 mil
réis por semana, com direitos de ver as fitas de graça.
Como
qualquer jovem sonhador, as suas aspirações eram outras e aquela vida no
interior não lhe dava a mínima condição para realização dos seus ideais. Assim,
as suas frustações aliadas à incompreensãoprincipalmente no lar paterno, deixavam-lhe
amargurado e deprimido, levando-o, vez por outra, apesar da tenra idade,a procurar
nas “bodegas” alguma maneira de afogar as constantes amarguras, os seusinsucessos
sentimentais tomando algum trago. Diga-se de passagem, essa situação já vinha
acontecendo desde a Vila de Lagoa doRemígio-PB, onde ele iniciou escondido da
família e na companhia de colegas mais idosos, a ingeriros seus primeiros
“goles”. Criança ainda, porém, dotado de uma precocidade intelectualadmirável, queixava-sede
suas mágoas e falta de apoio dentro do próprio lar,por isso sempre procurava os
colegas mais chegados e sob a influência deles tomava alguma bebida nas
bodegas, os quais sempre pagavam.
Com a transferência para outras cidades,
permanecia no mesmo “modus-vivendi” e seu pai, quando chegava a casa, ao invés
de lhe orientar com um diálogo acolhedor, lhe criticava sempre, desconhecendo
as suas ambições e que ali não as podia realizar.
Pobre,
não podia comprar alguma roupaum tanto decentee isso o magoava muito, gerando
nele um enorme complexo de inferioridade diante dos amigos. Sem diálogo com o
pai, sentia-se desprezado e sozinho, e para esquecer esses desgostos, escondido,era
mais um motivo para tomar uma doze de qualquer bebida alcoólica. Como acontece
até hoje, sempre aparecia alguém parapagar.
A cidade de Areia-PB,apesar de
ser berço natural de sua genitora, não mais lhe servia como inspiração, ali não
era o seu lugar. Precisava ir mais adiante e,no ano de 1943 com 18 para 19 anos
e apenas 30 cruzeiros no bolso e um milhão de esperanças – como relata no seu
livro - numa carona de um amigo foi até a estação da “GreatWest” que ficava na vila
de Borborema-PBe, tomando o trem, partiu para João Pessoa-PB onde imaginava
recomeçar uma nova vida,num propósito firme de realização dos seus sonhos. –“Em
casa foi uma despedida sem emoções, como um adeus de estranhos” – contou.
Na viagem de trem aproximou-se de
um senhor queviera visitar parentes na vila de Borborema e que para sua
surpresa era um Desembargador a quem, num diálogo, falou dos seus propósitos. A
conversa surtiu efeito e dias depois, com base na influência e prestigio do
nobre colega de viagem, que o levou até a sua casa dando-lhe abrigo nesse dia, já
estava na Rádio Tabajara como “Speaker”, com um salário de 200 cruzeiros por
mês, muito pouco, mas que dava para pagar um quarto numa pensão e se alimentar.
À época, já sonhava em trabalhar
num jornal, poishavia escrito alguns artigos na cidade de Areia, inclusive uma
história sobre as jazidas de minérios do município da cidade de Picuí e enviado
para “A UNIÃO” em nome da pessoa do diretor daquele
jornal, o jornalista e escritor Ascendino Leite,moço evoluído, disse, que
publicou com destaque a matéria, estimulando-lhe o gosto pelo jornalismo.
DOIS ANOS DE TETATIVAS NA
CAPITAL, SEM SUCESSO.
João Pessoa, o centro das
atenções políticas e jornalísticas, é o seu novo berço; num espaço médio de
tempo os seus sonhos e aspirações seriam realizados - pensava -afinal, ali haviaalguém
influente da família, inclusive um seu primo-homônimo que já atuava na imprensa
como jornalista e que poderia ajudá-lo, pois, naquele momento eradiretor de um
dosjornais mais influentes da capital,“A União”.
Em busca de apoio do primo,
para suavergonha e decepção, não só foi negado, mas também impedido da
realização dos seus propósitos de ascensão. Só mais tarde, depois do primoter
deixado a direção do jornal, sendo substituído por outro jornalista, conseguiu
as oportunidades que desejava, publicando com frequência, crônicas que escrevia
ao mesmo tempo em que colaborava para a revista “Manaíra” o que muito lhe
incentivava.
O país vivenciava ainda a
2ª guerra mundial e João Pessoa por ser a Capital do Estado onde se
aquartelavam as tropas aliadas, agitadíssima. O movimento de pessoas no centro
da cidade comentando a respeito das notícias do rádio sobre os pracinhas e
jovens oficiais que esperavam aflitos um possível e breve embarque no porto de
Cabedelo paracombater na Itália, era o prato de todos os dias.
O tempo passava e como “Speaker” na
rádio Tabajara não havia esperança de melhora, o salário estava há muito defasado,já
estava devendo à pensão, ao alfaiate, malestava dando para comer, e apesarde
algumas vezes ter reclamado junto à sua chefia (na época o Dr. Abelardo Jurema)
por uma pequena melhoria salarial, era sempre negado. Tinha dificuldades
financeirase com elas faziam-lhe companhia ashumilhações e constantesdecepções
provenientes do meio funcional em que atuava. Considerava-se um injustiçado. Julgando-se
incompreendido pelos chefes, passava a beber não só em festas e reuniões, mas
sempre que queria se livrar das preocupações financeiras, das recordações de
casa.Isso o levava a faltar ao trabalho e, em consequência, o diretor da
estação sempre lhe aplicava multa por qualquer atraso.
Nos
primeiros dias de janeiro de 1945, já com os seus 20 anos, sentiu que havia uma
necessidade de mudança de relações, de amigos,da retirada para um novo meiomais
condizente com a sua maneira de ser. “ali já estava me sentindo um esquizoide
introvertido, quase estranho às esferas em que vivia, procurando obter no
álcool elementos para superar essa introversão” –relatou.
PASSAGEM DO
JÓVEM JORNALISTA PELA CAPITAL DO PAÍS.
No dia 17 de
maio do mesmo ano, após conseguir com um colega o dinheiro da passagem, tomou
um avião e partiu esperançoso para o Rio de Janeiro em busca de novos sonhos. Afinal,
alise encontravam alguns amigos seus de João Pessoa, músicos da Orquestra de
Severino Araújo, depois, “Orquestra Tabajara”, que havia se transferido para o
Rio de Janeiro a convite e contratada pela Rádio Tupy. O próprio Severino
Araújo, em muitos momentos lhe estendeu as mãos em momentos de maiores
dificuldades.
Na cidade maravilhosa, a sua vida
durante quase dois anos também não foi das melhores. De porta em porta, ninguém
lhe dava a menor oportunidade; o seu sotaque nordestino não lhe favorecia nos
testes que fazia como “Speaker” como o acontecido na emissora da Rádio
Nacionalaonde foi apresentado por um colega influente. Escrevia reportagens e
incentivado por colegas do meio jornalístico as apresentava a alguns jornais e
revistas a troco de algum dinheiro, apenas para cobrir despesas com alimentação
e hospedagem.
Apesar de
seu talento, ainda desconhecido, resolveu aceitar um emprego na “A Revista da
Semana”, porém, como arquivista, onde teria que limpar e organizar todo o
arquivo que se encontrava entulhado, empoeirado e imundo – contou.
O jovem José Leal, que já era um
bebedor habitual, continuava na busca do seu sonho de trabalhar como jornalista
em um grande jornale a bebida ainda não lhe atrapalhava as suas aspirações.
“A Revista
da Semana”, em nenhum momento lhe deu a oportunidade de publicar as suas
reportagens e estas, às escondidas, tomavam outros rumos e com boa aceitação.
No meio jornalístico das noites boêmias dos botequins da Lapa, onde o seu nome
começou a surgir, colegas da mesma área o incentivavam e a comemoração era
sempre regada a mais um gole de bebida. O jovem Zé Leal, num espaço curto de
tempo saiu da “Revista da Semana”e iniciou-se como jornalista no jornal
“Resistência” como revisor, que faliu pouco tempo depois.“Nessa época, eu já
estava dominado pelo álcool, eu já era um alcóolatra – relatou”.Entrou para a revista
“Noite Ilustrada”onde ficoupor umbom período, passando depois por outros
jornais e revistas para os quais escrevia as suas reportagens, como: “O
Jornal”, a Revista “Realidade”, “Diário da Noite”, “A Cigarra”, “Ultima Hora”,
“Tribuna da Imprensa”, que pertencia ao grande político Carlos Lacerda, também
seu amigo de imprensa; revista “Manchete”, “Folha” de São Paulo, “O Mundo
Ilustrado”, e finalmente a Revista “O
Cruzeiro”, onde sentiu o seu grande
sonhoser realizado, onde viveu o seu clímax como jornalista,onde conviveu com o
seu companheiro de jornada, fotógrafo e competente profissional do
fotojornalismo, o piauiense José Medeiros, o “Poeta da Luz”, ecom outros vultos
e talentosas estrelas da imprensa brasileira tais como o famoso jornalista
“David Nasser” e seu renomado fotógrafo “Jean Manzon”;o jornalista e humorista Millôr
Fernandes, de quem era grande amigo; Raquel de Queiroz;o humorista,
caricaturista e pintorZiraldo; Péricles, o criador de “O AMIGO DA ONÇA”e
outros. Nessa época, Zé Leal já estava totalmente dominado pelo álcool, era um
alcoólatra, e a sua reputação como jornalista bem sucedido de uma grande
Revista “O CRUZEIRO”, começava a cair por terra. “Eu não tinha mais forças para
vencer o álcool, e me tornara, apesar dos constantes conselhos dos amigos, um
irresponsável diante do meu chefe e um degenerado no âmbito do meu trabalho” –
comentou. Aos poucos, quase todos os amigos foram se afastando do seu convívio
e, o álcool, o companheiro de sempre. Na sarjeta, afastado do trabalho, dos
amigos de imprensa, da esposa Eunice e do único filho Álamo, aos quais muito
amava e a quem tanto maltratara devido ao seu estado de alcóolatra, resolveu
pedir ajuda e, assim, encontrou na esposa compreensiva e resignada, a ajuda
necessária e forças para internar-se no Hospital Psiquiátrico da Universidade
do Brasil, no Rio de Janeiro,“O Pinel”.Ali, passou seis meses internado para o
tratamento do alcoolismo, estado em que perdeu a família, viveu maltrapilho, dormiu
nasruas, nos bancos das praças, afastaram-se os amigos e que acaboucom a sua
vida como profissional de jornalismo.
Finalmente,
no términodo tratamento, o jornal “O Globo”,sabedor da série de reportagens que
Zé Leal escrevera no hospício sobre a sua trajetória como alcóolatra e
incentivado pelo Médico Psiquiatra eProfessor JurandyrManfredini, (Livre Docente
da Cadeira de Psiquiatria da Universidade do Brasil) quelhe assistira como
Psiquiatra tornando-se seu amigo, apresentou-se em entrevistaaoentão diretor e redator
daquele jornal, Ricardo Marinho, que acatou a sua volta e o reaparecimento na
imprensa brasileira(depois quesaiu do Hospital Psiquiátrico do Rio de Janeiro, “O
Pinel”), deixando-o à vontade para escolher o assunto, dizendo inclusive que
julgava sua própria história de grande interesse para o público e para a
sociedade,marcandoassim, o seu reingresso na imprensa brasileira, oque culminou
na publicação da primeira edição do seu livro de 440 páginas: “180 DIAS NA FRONTEIRA
DA LOUCURA”, recebendo pela série de reportagens um dos prêmios mais cobiçados
pelos profissionais do jornalismo: O “PRÊMIO ESSO DE REPORTAGEM – Ano 1956. No
ano de 1957 o jornal ”O Globo” destacou o jornalista José Leal como enviado
especial para investigar a fundo a forma de contravenção em Belém, no estado do
Pará. O jornalista descobriu e publicou uma série de 22 reportagens denominada
“Uma repórter na rota do contrabando”, onde desnudou as rotas, os esquemas e os
mentores do contrabando no estado do Pará, descobrindo inclusive que o Estado
era o maior contrabandista de armas da Amazônia. Certa feita, em companhia do
seu fotógrafo, uma das maiores estrelas do fotojornalismo de “O CRUZEIRO”, José
Medeiros, em viagem de reportagens pelo Nordeste, no Recife levou uma grande surra
da polícia civil em pleno centro da cidade onde foi deixado na rua se esvaindo
em sangue, a mando do então Secretário de Segurança Pública, por descobrir e
ter publicado uma reportagem sobre um colar de grande valia roubado de uma
senhora da alta sociedade e que teria sido vistono pescoço da esposa do dito Secretário
numa festa dançante em pleno clube do “INTERNACIONAL” naquela capital. O fato
teve grande repercussão negativa no governo de Pernambuco e todo o Brasil ficou
sabendo da história, e por isso a pancadaria no Zé Leal. Depois de alguns dias
internado no hospital,teve altae viajou todo enfaixado para o Rio de Janeiro e na
sua chegada ao Aeroporto Santos Dumont, para sua surpresa, estava toda a equipe
de jornalistas de “O CRUZEIRO” inclusive a diretoria e alguns políticos à sua
espera. Ele narra esse episódio, com detalhes, no seu livro supracitado.
No Rio de
Janeiro, entrevistoupersonalidades importantes, como o Cel. José Pereira de
Princesa Izabel-PB eescreveu outras tantas reportagens de grande repercussão no
Brasil e no exterior.No ano de 1967 no governo de João Figueiredo foi Assessor de imprensa do Ministério da Fazenda e
do então Ministro Mario Henrique Simonsen.
Não se comenta, mastalvez após esse período esse genial repórter tenha sido
deslocado para o rol dos esquecidos, entrando assim, num período depressivo o
qual o levou à morte.Não se sabe a verdade, mas há indícios e alguns
comentários de que José Leal faleceu vítima de suicídio em seu apartamento em
Copacabana no Rio de Janeiro aos52 anos, no dia 2 de janeiro de 1977.
P. S. de
Dória
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS:
LIVROS:
LEAL, José;180
DIAS NA FRONTEIRA DA LOUCURA–Ed. PONGETTI. 440 páginas - 1957.
LEAL, José;
MORORÓ, RafaelA CIVILIZAÇÃO DOURADA (Livro sobre o Sisal) – 1ª Ed. Guanabara
(RJ)- PONGETTI – 127 páginas – 1966.
blogdomendesmendes
– A entrevista do Cel. José Pereira de Princesa Isabel-PB. - Revista “Veja” ed.
Nº 436 de 12 de janeiro de 1977, pag. 68.
memoria.oglobo.globo>jornalismo.
EUNICE
CARVAJAL- Viúva de José Leal – Alguns diálogos presentemente,
no Rio de Janeiro,em família, no ano de 1997.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.