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Mostrando postagens de janeiro, 2017

SOL: Encontro inusitado

Silvino Olavo Eudes Barros (1905-1977) foi poeta, jornalista e romancista natural de Alagoa Nova, deste Estado. Com Silvino, Amarílo de Albuquerque, Américo Falcão e Peryllo D’Oliveira formavam o “Grupo dos Novos”, que faziam telúricas na capital parahybana. Argemiro de Figueiredo, político campinense, havia lhe falado da Colônia “Juliano Moreira” que, sob a administração de Gonçalves Fernandes, fazia grandes progressos no tratamento da psiquiatria, surgindo no repórter um desejo de conhecer a tal “casa de alienados”. Em 1935 este ramo da medicina desenvolvia-se a passos de tartaruga. Ao chegar naquele edifício, deparou-se logo com uma figura alta e esguia, ar sarcástico e de fisionomia trágica – que lembrava Mefistófeles – surgiu no liminar: Era Silvino! Ali, parado, como se o esperava. O poeta havia sido internado, após uma série de crises nervosas, para tratamento; e há cerca de um ano fora interditado, nomeando-se a esposa Carmélia sua curadora. O visitante – em artigo

O destino de um Sol, poema de Rau Ferreira

Esfingie santa, a tua sombra me enleva Tua voz decanta, no alto da serra Um peregrinar lúgubre... Com suas mãos frias, feito guelras Põe para dormir o homem que erra Quem eras? Já  nao serás mais. O homem não passa de relva!... Pasto, para onde a terra leva. E quando os relógios (ah! os relógios) - Como diria dos Anjos - Pararem à meia noite, já não serás Mais aquele que eras, serás então... Pobre mendigo, apenas pasto e relva. Banabuyé, 25 de janeiro de 2017. Rau Ferreira

Esperança, formação territorial (Excerto de uma palestra)

Banabuyé, 08 de janeiro de 2016 " Esperança foi grande, quando era pequenina " (Silvino Olavo) Esperança - vista aérea 1970 Saudação à mesa, agradecer o convite da comissão do 2º Encontro de Ex-Alunos do Ginásio Diocesano de Esperança e C.E.E. (Milene, Josemi, Joseane, Carlos Ferreira, Cida Galdino, Laura Neuma e Vera Taveira), e dizer que é uma honra e grande satisfação estar aqui hoje com vocês para divulgar este trabalho. Esta palestra foi desenvolvida em duas etapas. Num primeiro momento, irei falar sobre a formação do Município de Esperança, a partir da sua ocupação territorial, com a concessão de terras, até a emancipação política. Num segundo instante, apresentarei o livro João Benedito: Mestre da Cantoria , personagem que biografei e que foi um dos precursores desta literatura que chamamos de cordel. Quero dizer pra vocês que desde 2009 venho realizando o resgate histórico do nosso município, cujas pesquisas tem sido publicadas no site História Es

II Encontro dos Ex-Alunos do Ginásio Diocesano e Escola Estadual de Esperança

Participantes do II Encontro do Ex-Alunos do Diocesano e Estadual Domingo passado (08/01) aconteceu o II Encontro dos Ex-alunos do Ginásio Diocesano e Escola Estadual, promovido pela Comissão organizadora, evento este que reúne alunos e professores daquele educandário. A comissão é formada por Milene Magnane, Josemi e Joseane Pereira, Carlos Magno Ferreira, Cida Galdino, Laura Neuma e Vera Taveira. Abrindo a festividade, o Diácono Ednaldo esteve presente ressaltando a importância da amizade na formação do ser humano, e concedendo as bençãos para aquele encontro. A Filarmônica “1º de Dezembro” compareceu, entoando os hinos do Brasil, de Esperança e da Paraíba, e ainda tocando alguns frevos num primeiro grito festivo de carnaval. Formada a mesa, a Professora Letinha falou em nome dos ex-professores, enquanto Carlos Magno usou da palavra representando os ex-alunos. Na oportunidade, a Professora Mirian Carlos Freire lançou o seu livro “Colégio Diocesano de Esperança”, que foi mu

Dona Anjinha, 105 Anos de vida (por João de Patrício)

Dona Anjinha aos 105 Anos de idade Em homenagem a Dona Anjinha, no auge de seus 105 anos de vida, republicamos um texto* de autoria de João de Patrício, quando esta completara 102 anos, com pequenas adaptações para este 2017. A imagem que ilustra esta postagem encontra-se no perfil de sua neta Fernanda Almeida: “ Dona Ângela Maria da Silva nasceu no Sitio Ribeiro do Município de Alagoa Nova, deste Estado, no dia 07 de janeiro de 1.912. Isso significa dizer que Dona Anjinha, como é familiarmente chamada, comemorou sua vinda ao mundo por 105 vezes. Casou com Joaquim Batista da Silva, cuja celebração matrimonial foi presidida por um dos Juízes desta Comarca de Esperança, o mais respeitado e severo Magistrado da época, Dr. Adelmar Lafayete Bezerra, precisamente no final da década 40 para o início da década de 50.  A cerimônia civil foi testemunhada por uma das figuras mais importantes da sociedade esperancense, o Sr. Manoel Luiz Pereira, que viria, mais tarde, a ser o vice-prefe

Esperança contra Canudos

Antônio Conselheiro. Imagem: Wikipédia Você já ouviu falar em Canudos? Esse movimento libertário, liderado por Antônio Conselheiro, no interior da Bahia, prometia uma revolução social, com distribuição de terras e socialização dos haveres, numa região dominada pelo polígono da seca; também conhecido “movimento separatista”, chamou a atenção do governo federal, que deslocou tropas do exército para combater os revoltosos nos anos de 1896 e 1897. Após saírem vencidas, as tropas nacionais, em três expedições, com o apoio de fazendeiros e da igreja, sob forte pressão, conseguiram aplacar aquela comunidade em um verdadeiro massacre, com a morte de 20 mil sertanejos e destruição total do arraial. Antônio Conselheiro ainda hoje é mistificado no sertão, cuja figura icônica é lembrada em documentários, novelas e filmes como um religioso que antevê o futuro e profere sentenças como: “o sertão vai virar mar, e o mar vai virar sertão”. Pois bem. Em nossas pesquisas encontramos um telegra

Maria da Paz Ribeiro Dantas

Maria da Paz Ribeiro Dantas. Fonte: http://www.substantivoplural.com.br/ A poetisa e ensaísta Maria da Paz Ribeiro Dantas nasceu em Esperança, no dia 25 de janeiro de 1940. Filha de Francisco Ribeiro dos Santos e d. Severina Ribeiro Dantas. Concluiu o ensino primário em Campina Grande/PB. O gosto pela natureza adquiriu na Fazenda São Domingos, no Cariri paraibano. Aos 14 anos teve pólio, doença que lhe deixou certa dificuldade de locomoção. No entanto, a sede de superar barreiras lhe foi peculiar. A poesia entrou na sua vida aos 21 anos, quando colaborava em programas de rádio e jornais campinenses. Seu primeiro poema foi publicado em 1962, no Jornal do Comércio, em Pernambuco. Dois anos depois, um de seus poemas foi parar nas páginas da Revista Leitura e, no período de 1967 à 1972, escreveu resenhas para a revista cultural “Vozes”. Radicada em Recife desde 1963, participou do movimento editorial pernambucano “Edições Pirata”, lançado alguns livros por este selo. Nos an

Silvino Olavo, o outro lado da música

SILVINO OLAVO, O OUTRO LADO DA MÚSICA Foto/divulgação da época  O salão de festas do “Diário de Pernambuco” estava ornado para a grande conferência literária promovida por Silvino Olavo da Costa. O intrigante tema, escolhido pelo beletrista, possuía íntima relação com a sua alma de poeta: “O outro lado da música”. O jovem prosador já havia realizado telúricas no Rio de Janeiro, onde também promovia recitais. Na Paraíba, após concluir o curso de direito (1925), fundara o “Grupo dos Novos”, juntamente com Amarílio de Albuquerque, Eudes Barros, Américo Falcão e  Peryllo D'Oliveira, realizando sarais em residências pessoenses, das quais participara, também, a poetisa Anayde Beiriz. No vizinho Estado de Pernambuco, ensaiara a sua musa, em concorridas conferências. A imprensa do Recife anunciara, com grande galhardia, a realização desta palestra, que contaria com a presença de prestigiosos elementos dos círculos sociais e artísticos. O aguardado evento foi noticiado dias ant

Estrada de Ferro Esperança

O trem que não veio Estação Esperança. Desenho de Jônatas Rodrigues Pereira O Governo Imperial (1871) havia autorizado uma incorporação para construir uma estrada de ferro na Parahyba do Norte, denominada de Conde d’Eu (Decreto nº 4.833). A linha inicial partia da Capital da província até Alagoa Grande, com ramificações em Ingá e  Guarabira. A sua construção, porém, teve início em 1880 através da “The Conde D’eu Railway Company Limited”, e seus trilhos chegaram à Mulungú em setembro de 1883. Essa concessão foi transferida em 1901 para a “Great Western Company”. Até o ano de 1889 a viação de Cabedelo à Guarabira e o entroncamento do Pilar possuíam 144 Km. O problema é que o trem de ferro servia apenas ao litoral, esquecendo o resto do território paraibano. O Engenheiro Francisco Retumba alertava quanto à problemática: “ É preciso, de qualquer modo, obrigar a companhia a marchar em procura da serra da Borborema ”. O tráfego em direção ao Brejo foi constituído em vista do