Após a
ruptura da à hegemonia da política do “Café com leite”, decantada pelo
expressivo “Négo” do governador João Pessoa Cavalcante de Albuquerque, aderiu a
“Paraíba, pequenina e doida” (parafraseando José Américo de Almeida) a chapa
eleitoral encabeçada por Getúlio Vargas para disputar as eleições presidenciais
de 1930.
O poeta
Silvino Olavo aparecia como articulador político daquela campanha. Não fora a
primeira vez que ocupara esse espaço, pois já havia trabalhado em 1924 nas
eleições de João Suassuna; e se empenhado na candidatura de João Pessoa no
quadriênio seguinte.
Vencedor
nos dois escrutínios de que participara, foi nomeado 1º Promotor da Capital por
Suassuna, integrando ainda o corpo do Conselho Penitenciário Estadual e, assumiu
na gestão de Pessoa a chefia de gabinete.
A
campanha liberal foi lançada oficialmente com a publicação das “Razões do Négo
Parahybano”, publicada na imprensa carioca pelo ilustre esperancense, em agosto
de 1929, convocando a nação a contribuir para a chapa dissidente.
Notável
impulso se deu com o discurso proferido por Silvino em frente ao teatro Santa
Rosa, na capital parahybana, em 04 de setembro daquele ano. Na oportunidade,
sob os aplausos de efusiva multidão, falaram ainda Adherbal Piragibe, José Américo
de Almeida e Severino Ayres.
A
“Caravana Liberal” – como ficou conhecida – visitava as cidades esclarecendo o
eleitorado para se praticar uma política livre de ameaças e de justaposição aos
princípios da liberdade que deveria congregar os homens, em contraposição à
violência e ao coronelismo tão combatido por João Pessoa.
O
comício de Santa Rosa acontecido em 16 de setembro de 1929, foi igualmente um
marco naquela campanha, com inúmeras adesões partidárias. Em suas palavras, Silvino
Olavo acentuava que era “preciso saber evitar a farândola de politiqueiros
fantasiados de políticos e saber atrair os corpos de ação da sociedade para que
eles exerçam influência direta na direção dos negócios políticos” afirmando a
necessidade de “apoiar os homens que assim compreendam a missão de governar,
que tragam um programa de trabalho de reforma, independência de ação e visão
própria. Discursaram, além de Silvino o deputado Irinêo Jóffily, Osias Gomes e
Manuel Paiva.
A
caravana seguiu com destino ao Recife, passando por Goiânia, realizando comício
no solar “Barão de Timbaúba”, no largo da feira. Salva de fogos e vibrantes
demonstrações de simpatia marcaram a sua chegada em 07 de outubro.
Nessas
viagens, era Silvino quem arregimentava o combate, preparando o terreno para a
chegada do candidato liberal, como podemos perceber da missiva encaminhada ao
presidente pernambucano:
"(...)
o sr. Presidente João Pessoa decidiu ir ao Recife de 19 para 20 do corrente, o
que dirá, mais adiante, de modo definitivo, por telegrama.
Espera,
entretanto, não seja recebido com festas outras além das puras manifestações
populares, não só por ser, de índole, infenso às homenagens pessoais, mas
também para que não sejam desviadas dos melhores objetivos de nossa campanha
quaisquer quantias".
Em sua
missão, a caravana visitava lugares da Parahyba e de Pernambuco, com o seu
programa de campanha, angariando apoio a crescente candidatura Vargas-Pessoa.
Em
Tigipió a comitiva presidencial foi recebida com festa. A campanha tomava
corpo. Silvino Olavo e Elísio Sobreira, acompanhada pelos próceres do Partido
Democrata, estavam na linha de frente, e de passagem por Jaboatão, Tapera,
Moreno e Vitória, angariaram importantes adesões, tomando assento no carro
presidencial em desfile por essas cidades e vilarejos.
No
Recife, os compatriotas do partido democrata fizeram-lhe calorosa recepção, com
um almoço no “Clube dos Diários”, após apresentarem ao público suas propostas
de governo, sendo bem aceitas por todo o povo.
No
Teatro Santa Isabel, em Pernambuco, os membros da comitiva liberal acompanharam
o presidente João Pessoa em expressivo comício em prol de sua candidatura, com
passagem por Goiana, Igarassú e Olinda, encerrando a semana de 20 de outubro
com um jantar íntimo na residência do Dr. Carlos Lima.
De
volta à Parahyba, a praça Vidal de Lucena ficou pequena para o povo
entusiasmado, que recepcionou os caravaneiros em frente ao palácio com palavras
de exortação: “Viva Minas! Viva o Rio Grande! Viva a Parahyba”.
Após
esses eventos, compareceu Silvino ao gabinete do Dr. Estácio Coimbra,
governador de Pernambuco, agradecendo-lhe o apoio ao presidente João Pessoa por
ocasião de sua chegada ao Recife.
Veio
então a ocasião de se encontrar com Getúlio no Rio de Janeiro, noticiando a
imprensa Carioca:
“O dr.
João Pessoa fez-se acompanhar, nesta viagem à Capital da República, além de sua
esposa e de outras pessoas da família, do dr. Silvino Olavo e do
tenente-coronel Elysio Sobreira, respectivamente, seu oficial de gabinete e seu
ajudante de ordens” (O Jornal-RJ: 31/12/1929).
A
viagem de navio se deu no “Flandia”, com destino a Cidade Maravilhosa, para
assistir a plataforma de governo que seria apresentada na Capital Federal.
Também
lá se deu grande festa, com aclamação popular. O Brasil parecia unido a esta
frente, razão pela qual, quando foi sufragado o nome de Júlio Prestes, houve
levante, com acusações de fraudes eleitorais, que culminaram com a derrocada do
candidato eleito. Não é demais lembrar, que muitos autores apontam o estopim da
revolução o assassinato de João Pessoa, por um de seus opositores, o advogado
João Dantas, na Sorveteria Glória do Recife, em que pese se tratar este de um
ato desarraigado dos arvores da política, trespassado pelo víeis do amor.
Essa
história continua, em breve...
Rau
Ferreira
Referências:
- FERREIRA, Rau. Silvino Olavo. Edições
Banabuyé. Epgraf: 2010;
- FOLHA DA MANHÃ, Jornal. Ano IV, Edição de agosto/novembro.
Recife/PE: 1929.
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