Pedro visitava Zé Luiz – seu irmão –
quando soube da morte de um vizinho que caíra do Cavalo lá pras bandas do
Pintado. Todos estavam atônitos para dar a notícia a viúva e ninguém queria
tomar a iniciativa.
Prontamente Pedro se ofereceu com uma
simples pergunta: “O que eu ganho com isso?”
- Ora, cobra do defunto; morto não paga
conta mesmo! – disse um dos presentes.
- Nas minhas voltas paga! – respondeu o
Pichaco e foi para a casa da viúva informar o acontecido:
- Bom dia, minha senhora... tenho duas
coisas pra lhe dizer, uma é boa outra é ruim.
- Vixe Pedro, que é isso homi? Diga
então a boa!
- A boa é que quem morreu não morre
mais!
- E a ruim – perguntou a mulher.
- Seu marido está me devendo uma conta
dum farvorzinho que lhe fiz hoje, mas não se preocupe que eu espero pela
herança dele. Agora vá logo afastando os móveis da sala que não demora!
A mulher entendeu o recado e pôs-se a
chorar, enquanto o canastrão contabilizava os ganhos de mais um golpe na praça.
Quem disse que defunto não paga
dívida?! Com Pedro Pichaco paga até com juros.
E essa foi mais uma das aventuras do velho
mandrião, escrita no grande imaginário popular.
Rau Ferreira
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